Cultura

AINDA HISTÓRIAS DE ABRIL, PARA SEMPRE

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“Estamos em Março, mês de Primavera, mês de festejar o renovo da natureza, mês em que, desde há muito, celebro o encontro com o meu amor primeiro, mês em que nasceste, meu querido filho, e é também, neste 2020, mês para te trazermos para casa, mãe. Um vírus que não conhecemos fez-nos sentir que essa era a melhor decisão. E assim, neste isolamento em que nos colocámos, há tempo para pensar, recordar, para estar, como há muito não estávamos.”

“E os pirilampos que em vão tentávamos apanhar?! Como é possível que tenham desaparecido por completo destas paragens?! Que maldades temos feito ao meio ambiente que os fez desaparecer?!”

“Na igreja, algumas filas de bancos da frente tinham uma pequena placa que dizia “Crianças”. No entanto, as meninas ficavam de um dos lados da coxia e os meninos do outro.

As filas de bancos mais recuados tinham outra pequena placa que dizia “Homens”. Deduzia-se que os bancos do meio, em muito maior número, estavam reservados às mulheres.”

“Quando morria algum familiar próximo, as crianças usavam um “Fumo” no braço que era afinal uma sinalização, uma lembrança permanente, feita com uma fita preta. Apesar de tudo, por aqui não nos vestiam de preto como em outras zonas do Alentejo. Os adultos sim, vestiam-se todos de luto, durante longos anos.

As mulheres que ficavam viúvas não mais poderiam vestir outra cor e o traje incluía lenço na cabeça. E nada de mangas curtas ou decotes ousados. Estes não eram considerados adequados”.

Excerto do testemunho escrito há um ano por Custódia Casanova, nesta Antologia onde participam vários autores que nos convida a uma leitura e reflexão.
É a nossa sugestão de leitura para este mês de Março de 2021. 

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