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DESLIGUE O “ACHÓMETRO”…

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“The Opinionmeter Of Munchausen – Achometro” – ilustração de Daniel Arrhakis inspirado no texto de Vera de Melo

Da família do verbo achar, surge, porventura, um dos maiores inimigos do ser humano, o “achómetro”. Surge como quase um direito fundamental de todos os cidadãos, que se acham capazes de tudo achar, formulando os mais variados e múltiplos “achamentos”. “Achamentos” que não são mais do que pontos de vista ou opiniões sem qualquer fundamento, baseados exclusivamente na intuição de quem os formula e desprovidos de qualquer comprovação científica. Obviamente não passam de palpites, em regra, totalmente desfasados da realidade.

Mas tal não limita o ser humano. Achamos de tudo um pouco. Achamos erradas as decisões do juiz Ivo Rosa, as escolhas dos candidatos às autárquicas de Rui Rio, as escolhas táticas dos treinadores de futebol ou mesmo as escolhas da grelha de programação dos canais de televisão.

Quem somos nós para achar que o que achamos é a realidade? Que ousadia…

A realidade é que o “achómetro”domina e controla as nossas vidas. Com a desculpa que é a natureza humana, resistimos a factos e partimos de pressupostos que não dominamos, que não são factuais, dando lugar aos tais “achamentos” que nos conduzem muitas vezes a verdadeiros erros crassos de avaliação. Desconhecemos o todo, trabalhamos apenas uma parte da informação e o resultado, esse, é inevitável: disparate.

Para as crianças, a única forma de conhecer e entender o mundo é perguntando. Para os adultos também devia ser assim, no entanto, a dada altura, passámos a acreditar que fazer perguntas era algo desadequado e passámos a ter  julgamento dos outros.

O passo seguinte torna-se demasiado previsível: ligamos o “achómetro”. Pense: quem é o verdadeiro sábio? Aquele que tem respostas para tudo ou aquele que questiona para ter respostas? Aqueles que possuem respostas para tudo são as pessoas que acham que não vale a pena ansiar por um conhecimento superior, pois a sua visão sobre o certo e o errado é limitada.

O homem sábio deve saber perguntar, ter inteligência e discernimento. A imaginação é um dom notável, mas é muito mais notável aquele que sabe perguntar bem. É a arte de fazer perguntas que nos permite evoluir. A dúvida é tão importante quanto o saber.

Deve perguntar sempre o que não sabe. Isso torna-o humano, fortalecendo e aproximando-o à realidade dos factos.

Não tenha receio de perguntar, mas sim da ignorância de nunca ficar a saber.

Pense nisso!

Vera de Melo
Psicóloga Clínica

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