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20 ANOS DE UMA IDEIA

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O fascínio de saber o princípio das coisas sempre seduziu a humanidade.

Eu não sou diferente. Trabalhei décadas a fio com autores, encenadores, atores, coreógrafos, realizadores, bailarinos, escritores, designers, ilustradores, artistas plásticos,  sonoplastas, luminotécnicos, cenógrafos e criadores em geral.

Ver nascer uma ideia,  um projeto, assistir  aos  processos criativos  até à plenitude, é uma emoção contínua.

Sempre associei o nome de Mora ao seu Fluviário,  e me questionei como surgiu a ideia, como germinou a semente.

Qual a confluência positiva que fez nascer um projeto com tanta relevância para este concelho?

E, nem a propósito, ao entrar no Facebook do Fluviário de Mora, encontro a informação de que “O sonho do Fluviário nasceu no dia 11 de Fevereiro de 2001”.

Assim, tal e qual. Sem quem, sem onde, nem como.

Insatisfeita e  curiosa procurei informação.

Entre as pesquisas feitas, tive acesso a um trabalho de Cristina Sinogas, e com autorização da autora,  passo a  publicar  a informação referente ao nascimento do Fluviário de Mora.

Um Fluviário? “ A aventura chegou quando o Arquitecto Nuno Lecoq disparou esta frase de rajada: Sr. Presidente, faça um Fluviário!. Um Fluviário? Mas o que é isso?” perguntou José Sinogas. A expressão deixou o autarca siderado. Mas, no minuto seguinte, uma luzinha brilhou no seu espírito: “É isso mesmo que vamos fazer, um Fluviário!”. Aquela conversa com o antigo director do Parque da Reserva Natural da Ria Formosa, no dia 11 de Fevereiro de 2001, no Restaurante “A Palmeira”, em Cabeção, não lhe saía da cabeça e, como diz o poeta “quando o homem sonha, a obra nasce.”

A ideia “posta em cima da mesa” passava por uma aposta nas potencialidades do concelho fazendo, ao mesmo tempo, um bom aproveitamento dos apoios do QCAIII em matéria de obras estruturantes para a Região Alentejo e para o País. Seria, sem dúvida, uma infra-estrutura de progresso para o Concelho de Mora. Digamos, muito sumariamente, que a ideia, fundada na criação de um equipamento de natureza científica, cultural e de lazer, serviria para reforçar o potencial de atracção do Parque Ecológico do Gameiro em geral e da Ribeira da Raia em particular, de forma significativa, complementando as valências já existentes no local, nomeadamente o Parque de Campismo, as Praias Fluviais e a Pista de Pesca Desportiva que acolhe, com frequência, campeonatos de pesca desportiva em água doce de nível Europeu e Mundial. Neste equipamento predominaria o universo aquático, perfeitamente integrado no espaço envolvente, que recriaria o ambiente natural, apresentando a flora e a fauna local no contexto da unidade fluvial do território nacional. Genericamente, a ideia seria proporcionar ao visitante a sensação de percorrer a beira-rio – um rio tipicamente ibérico. Também a preservação da natureza e o aumento da percepção da necessidade de aliar o desenvolvimento económico pensando nas gerações futuras, oferecendo-lhes condições para encontrarem bem-estar, qualidade de vida e contacto com a natureza esteve presente nesta tomada de decisão. Aliás, nunca a necessidade de pensar o futuro a partir das acções do presente foi tão valorizada nem a noção de desenvolvimento sustentável tão discutida. É bom ter presente que o conceito de desenvolvimento sustentável assenta na necessidade de estabelecer um compromisso com a imparcialidade temporal, reflectida na tentativa de conciliar os interesses do presente com os interesses e necessidades das gerações vindouras. Ele envolve limites, não só ecológicos mas também de ordem ética. Esta ética de limites é fundamental para que, as duas componentes essenciais, espaço e tempo, sejam compatíveis. Mas a construção do Fluviário representava uma alternativa para conciliar o desenvolvimento da sociedade com a preservação ambiental e tinha o objectivo de ser o principal motor da economia regional, permitindo o alcance de um futuro sustentável desejado e partilhado, em primeira mão, pela generalidade da Comunidade Morense, integrando as dimensões sócio-económicas, político-institucionais, culturais e ambientais.

A partir de uma realidade particular e contextualizada, o processo de construção ganhou primazia pelas necessidades, potencialidades locais e objectivos específicos das comunidades local e regional. A novidade e amplitude desta realidade, assim como as características do objecto motivaram dificuldades e obstáculos à sua concretização, desde logo porque “o projecto teve sempre muitos inimigos, sendo a maioria dos problemas que enfrentámos derivados da inveja” como afirma José Sinogas, Presidente da CMM. Por entre inúmeras dificuldades, imperou a vontade de querer fazer uma grande obra que colocasse o Concelho de Mora, definitivamente, no mapa de Portugal e da Europa. “Resistimos a vários Ministros do Ambiente, sendo que, cada vez que a pasta mudava de mãos, nós voltávamos à estaca zero”, partilhou com a plateia presente no Auditório deste grande empreendimento, no dia 21 de Março de 2007, data da sua inauguração, o Presidente da CMM. Mas “não desistimos, lutámos muito e conseguimos concretizar um projecto de extrema importância para o nosso Concelho e para a Região Alentejo”, acrescentou.

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